[FUG-BR] [OT]Oportunidade de emprego no Terra (Porto Alegre)

Joao Rocha Braga Filho goffredo em gmail.com
Sexta Fevereiro 8 18:38:30 BRST 2008


2008/2/8 João Henrique <jhgborges at gmail.com>:
> Pessoal,
> li o suficiente nas discussões pra dizer algo pra vocês.
> Sou professor universitário desde 2000 na área de computação.
> Vamos analisar a coisa por partes:
> 1. Nos cursos de Ciência da Computação que lecionei, em instituições
> particulares até agora, o foco definido pelos coordenadores era conceito, e
> não produto. Assim, ao invés de nos aprofundarmos em FreeBSD, por exemplo,
> discutíamos sobre sistemas operacionais dem definir plataforma. Desta forma,
> não podemos esperar que um menino(a) saiba dissecar o S.O. como nós fazemos
> hoje;

Concordo que o conceito é importante, é a base, que ajuda a entender as
coisas. Talvez seja a parte mais importante de um bom curso universitário.
Acho piada cursos universítário no qual a pessoa sai formado em Microsoft.
Mas acho que, além do conceito, o aluno tem que ser exposto a um grande
universo de coisas, para aprender e escolher com o que prefere trabalhar.

Eu fui exposto a um bando de sistemas (CP/M, MP/M, VMS, MCP, MCP/AS,
MSDOS, Windows etc) inclusive vários Unix (Version 7, FreeBSD, NetBSD,
SunOS Solaris, AIX, Ultrix, DEC OSF etc). Alguns, que não fazem o curso
burocraticamente, tem uma boa chance de sair dissecando.



> 2. Nas disciplinas de Redes, mesmo que haja laboratório suficiente, o aluno
> não vai configurar roteador Cisco, pois esse tipo de tarefa não está no
> escopo do curso;

Mas com os conceitos e um pouco experiência, ele deveria rapidamente
se virar com a documentação e resolver o problema.

> 3. Nos cursos de Sistemas de Informação, o enfoque é um pouco mais prático,
> com grande ênfase em desenvolvimento, mas sem a "quebração de pedras" em
> firewalls e proxies;

Não é curso de redes, mas é necessário falar deles, para evitar alguns
bugs que já vi.

> 4. Finalmente, nos cursos de Tecnologia, é "pau puro", com ralação de tudo
> quanto é tipo. Eu trabalho em um destes cursos onde temos um rack cheinho de
> roteadores Cisco à nossa disposição. Faculdade particular, novamente;

Nem todas as particulares são bem equipadas. Tem algum acordo de
certificação Cisco?

> 5. Em relação a instituição pública, professor sensacional não é regra e
> tenho dois casos pra exemplificar: a. um bam-bam-bam da área no país,
> momentos antes de entrar pra sala de aula, disse na salinha do café: "Vou
> falar meia horinha de deixar os caras pesquisando na internet". Isso porque
> era aula de pós-graduação, em programa de doutorado (eu estava naquela turma

É de se esperar em uma pós-greduação que os alunos saibam pesquisar
e aprender só com uma orientação inicial, e tirar dúvidas depois.

> da 'meia horinha'); b. Em uma das instituições onde trabalho, um colega, que
> também trabalha em instituição pública, me pediu dicas sobre como explicar
> firewall em Linux pros alunos...

Eu tive professores ruins, e professores sensacionais na faculdade. Um
dos melhores professores que eu tive não tinha mestrado, e dava uma
aula sensacional. Explicava coisas bem complexas com uma simplicidade
sensacional, e todos entendiam. Quando ele tirou mestrado, creio eu que
mais como formalidade, a banca era de ex-alunos dele, e a platéia estava
cheia de alunos e ex-alunos dele. Ele dava aula na instituição a mais de
20 anos.


> 6. Não existem regras, meninos e meninas. O que existe, assim como em
> qualquer área, bons e maus profissionais;
> 7. Como garantir, então, que um recém-formado possa se virar na área de
> engenharia do Terra? Como garantir, igualmente, que um profissional
> auto-didata tenha nível intelectual de um recém-formado? Não tem jeito.

É complicado. Em teoria, testes psicológicos ajudariam a avaliar isto, e
eu vi uma crítica a eles aqui. Mas acho que até estes testes sofrem boas
distorções. Eles não são absolutos, e acho que nem sempre são vistos
da maneira que deveriam ser vistos.


> 8. O melhor seria que os formados conseguissem experiência suficente pra não
> as m**** que já foram ditas aqui. Isso só vem lendo, mas lendo muito, e
> ignorando os RTFM que às vezes vem como respostas em fóruns.

Muitos estudantes não tem a gana de aprenderem as coisas por si mesmo,
esperando que o professor ensine tudo, ou diga o que eles devem aprender.
Na minha opnião, devem aprender também o que não é pedido para ser
apendido, ser estudado. Os que só aprendem o que é exigido são o que eu
chamo de alunos burocráticos.

A Universidade deveria ser um universo de coisas, e o aluno deve explorá-las.
Eu já soube de cursos que exigiam que o aluno fizesse alguns créditos de
matérias quaisquer de outro departamento, de outro curso. É algo bom, mas
meio forçado.

Muitos alunos tem uma vida burocrática. Papai e mamãe querem que tire
o diploma, então estuda a matéria que é pedida, namora, arruma um estágio,
um emprego, e casa quando se forma. Por que não fazer alguns desvios
pelo caminho, "vadiar" em um laboratório de computação, de eletrônica etc?
Já vi preconceitos contra os que fazem isto, que querem aprender mais do
que é exigido.

Uma das melhores provas, e que mais gostei de fazer, na faculdade era
uma de tema livre. A pessoa escolhia um tema e respondia uma série de
perguntas à respeito. Foi na matéria de Introdução à Engenharia. Eu passei
a tarde do dia anterior na biblioteca e achei uma revista bem antiga,
chamada Revista de Engenharia da Guanabara. Li vários artigos, até que
achei a perícia de um deslizamento que houve em Fevereiro de 1967, quase
de 1 ano antes de eu nascer. O tema da minha prova foi esta perícia. Tirei
10. :^)

Por que não uma prova, ou trabalho, de tema livre sobre sistemas operacionais?
Acho que eu iria adorar fazer esta prova, e talvez não fizesse sobre Unix, por
mais que pareça estranho. Seminário seria legal. Acho que eu falaria de CP/M.
Um sistema simples, pequeno, com algumas coisas interessantes, se bem
que está muito obsoleto. Eu acho que um seminário sobre ele daria uma
perpectiva histórica sobre a computação de 25 anos atrás, e como ela
evoluiu.


>
> Parafraseando o colega "irado furioso com tudo": flames > /dev/null

Concordo. :^)

Está MUITO off-toppic com o assunto da lista, mas é um assunto que
interessa aos membros da lista, senão não teria mais de 40 e-mails
em menos de 10 horas.


João Rocha.

>
> []s e bom final de semana!!
> JH
>
> 2008/2/8 c0re dumped <ez.c0re at gmail.com>:
>
>
> > Em 08/02/08, Mauricio Bonani<mbonani at gmail.com> escreveu:
> > > Isso me lembra uma professora do Mackenzie. Quando questionada por estar
> > >   "ensinando" que CD era um meio de armazenamento magnético, respondeu:
> > > - É assim que está no livro (nem lembro qual era o livro que ela usava)
> > > e é assim que eu ensino!
> >
> >
> > ehehe
> > isso me lembra uma outra professora de uma grande instuição provada de
> > Brasília ela tinha Mestrado e escambau, lecionavade Sistemas
> > Operacionais e todo dia chegava com um rascunho debaixo do braço.
> >
> > Ela copiava tudo que estava no rascunho para o quadro. Quando alguem
> > perguntava algo mais aprofundado a respeito do assunto, ela se
> > enrolava toda...
> >
> > Esse é o retrato de ensino particular no Brasil... e ainda tem gente
> > que entra na lista pra se gabar que tem diploma de faculdade
> > particular e que quem não tem é relaxado... faz favor...
> >
> > Se for pra "aprender" desse jeito, até um recém saído do primeiro grau se
> > forma.
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> "Mac OS X proves that it's easier to make UNIX pretty than it is to make
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